Manhã Agreste
Manhã Agreste
Esta manhã, que treme de frio,
Abraça-me sem sol que me aqueça,
Forçando um vagaroso passo.
Sobre folhas mortas por tapete,
No jardim, nu de flores, que o rio
Afaga em preguiça confessa,
Numa terra e água em enleio,
De quem tudo dá, tudo promete...
Que fria manhã esta minha amada,
Húmida de desejo de Inverno,
Que me beija tão possessiva
E me nega pensamentos perdidos!
Meu corpo estremece da geada,
Sentado e passivo num eterno
Abandono à manhã altiva
De emoções e desejos cedidos.
Manhã agreste, deusa e amante,
Do meu ser desvalido de amores
Carnais, incapaz, seu semelhante,
De sentir paixões, sorrisos e dores.
Manhã duma alvura revestida,
Noiva de mim, poeta caído,
Doce amada, minha querida,
Dou-te por beijo este gemido.
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