Manhã Agreste

Manhã Agreste

Esta manhã, que treme de frio,

Abraça-me sem sol que me aqueça,

Forçando um vagaroso passo.

Sobre folhas mortas por tapete,

No jardim, nu de flores, que o rio

Afaga em preguiça confessa,

Numa terra e água em enleio,

De quem tudo dá, tudo promete...

Que fria manhã esta minha amada,

Húmida de desejo de Inverno,

Que me beija tão possessiva

E me nega pensamentos perdidos!

Meu corpo estremece da geada,

Sentado e passivo num eterno

Abandono à manhã altiva

De emoções e desejos cedidos.

Manhã agreste, deusa e amante,

Do meu ser desvalido de amores

Carnais, incapaz, seu semelhante,

De sentir paixões, sorrisos e dores.

Manhã duma alvura revestida,

Noiva de mim, poeta caído,

Doce amada, minha querida,

Dou-te por beijo este gemido.

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 27/06/2016
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