DISCURSO DO MÉTODO
Assim se fez o domingo; espaço contínuo.
Inexistência vital ao ostracismo.
Tive de me contentar com meias perguntas
E alguns abusos do dito são; niilismo.
Momento perfeito, o qual se dá o êxtase extinto.
Nadismos à parte, tornamo-nos o que somos.
Estáticas nuances de pueris intrometidos,
Cujos nomes, são rótulos antínomos.
Dia de mormaço; abafados os sentidos vãos,
Meus dualismos nem sequer afirmam que Sou.
Afirmar tal luxúria é jurar racionalizar todas as linhas,
Das quais nem sequer rascunho restou.
Há vezes que não avançamos sequer um passo.
São eternidades seculares, pequenos atrasos;
Que instigam os mais sensatos ao erro crasso.
Mas há sempre na antípoda certos acasos,
Mais sinceros que minhas infundadas razões,
Em que tal tropeço, visto o propício impasse,
Nos traz à realidade humilíssima e final,
De servidão eterna à distinta classe
De razões as quais o espirito destoa sem razão.
Ririam-se os deuses se me vissem resmungar,
Pois todos o sabem, nada sou capaz de lhes dizer.
Somos então incapazes; de o assumir e afirmar.
“Penso logo existo.” Em todo Concordo;
Mas antes alarmo: Existiremos incondicionalmente
Do que pensarmos. A existência é escravidão;
Cela onde pensamentos vem e virão; independente.
Alguns trechos de nossos labirintos não são nossos;
Afirmo. Bem como os domingos inócuos. Nada podemos fazer.
Ainda assim, aqui estou. Férvido, ranzinza; aos destroços.
Há sim, razões que meus cálculos não podem prever.
O incognoscível sempre haverá de imperar na terra dos homens;
Não sou razão; nunca o serei. Admito-o!
Os Mistérios os quais estou circunscrito nem sequer temo:
Não saber me faz existir. Não sei. Aceito-o.
“Penso logo desisto. Existir é por demais preciso.”
Hernâni Arriscado - Discurso do Método.