Labirinto
Labirinto
Ocaso! Já a vivaz penumbra nocturna
estende os tentáculos ao dia, cativo
em gaiola doirada, para lá do mundo.
De tão igual à minha alma soturna
- tom de noite - mas eu, tão só, emotivo,
sou mais breu, sem manto de estrelas por fundo!
Exausto, por longa passeata vespertina,
busco refúgio em cadeira devoluta,
de esplanada confusa de gente. Grato!
Sentado, encarcero a alma libertina
na renda pedonal, que, de forma astuta,
tento evadir desse labirinto inato.
Nem os troantes sinos, chegada a hora,
sugerindo fé, preces ou ritos sagrados,
me afastam do torpor - não por não ser crente...
Devem ser rugas de apreensão sofredora
no meu rosto, que geram risos comentados:
Doença de Alma - de uns; de outros - Demente!!!
De súbito, tocado por voz cristalina,
que reconheço, arranco-me ao enleio
da imaginada geometria de permeio,
entre o sonho e a magoada realidade,
que tu, por mero desprezo ou vã maldade,
elevas, ufana, a chacota ferina.
Eis-me, aqui, publicamente desvirtuado
de amor que te foi, uma vez, por mim negado!
E já o guarda-sol, sonolento, abateu
as abas, num desejo de justo sossego...
Chorou lágrimas de chuva por quem, como eu,
não soube amar a luz do sol, feito morcego!
Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=295389 © Luso-Poemas