Vetusto Burgês

Ah, velho burguês!

Cão infernal, mosca humana,

Anúbis das trevas, verme sem alma,

gênio de víbora, lobo faminto..,

coração de serpente!

Ah, vetusto burguês!

Cavaleiro sem honra, vestido de branco.

Por que colhestes a última flor,

desse pântano de enigmas..,

coberto de gente?

Ah, verdugo burguês!

Arranca do imo profundo do peito,

esse coração evasivo, essa triste quimera,

esse grito de bicho, que te consome por dentro!

Arrancas também,

dessa tua cara lavada,

esse desmedido cinismo!

Esse repugnante semblante de monstro,

esses olhos de aço e inacabado irônico sorriso!

Por que, eunuco burguês!

Escarras na cara da virgem Maria?

Por que, passas silente em teu carro do ano,

de vidro fechado, olhando pro lado contrário,

fingindo não vê, deitados na rua..,

infaustos meninos?

Jaíres Rocha
Enviado por Jaíres Rocha em 23/06/2016
Reeditado em 25/06/2016
Código do texto: T5676602
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