Epitáfio para um egoísta.
Rio, 23.06.2016.
Epitáfio para um egoísta.
Não via mais encanto
Nas coisas externas,
A mais ninguém dava ouvidos.
O universo, para ele, agora girava
Em torno do próprio umbigo.
Já não cultivava mais
Amigos, preferia os inimigos
Que lhe atiçavam mais
Seu ímpeto de competição.
Era bem sucedido o indivíduo,
Cada vez mais consumido
Por sua infinita ambição.
Tornou-se progressivamente
Mais e mais rico.
Cheio dos caprichos,
Mandava, desmandava,
Ofendia e oprimia
Com seu curto pavio.
Seguia assim seus
Objetivos, continuo
E caudaloso feito um rio.
Quando partiu da jornada
Da vida voltou ao seio da terra,
Como é comum a todos
Que trilham o caminho
Da existência, creio
Que isso o deve ter
Decepcionado, logo ele
Que julgava-se tão
Superior ao seu vizinho.
Em sua lápide nada
Além do básico foi escrito,
Mas bem lhe cabia
Um epitáfio nesse feitio:
"POR VIVER CHEIO DE SI
ESSE HOMEM SEMPRE TEVE
UM CORAÇÃO VAZIO".
Clayton Marcio.