Interregno de Mim (Assombrações de um Dia Negro)
Interregno de Mim
(Assombrações de um Dia Negro)
Porque verte meu olhar
lágrimas de sal que o mar
lhe impõe do horizonte?
Que rugidos, vindos a monte,
lançam mal de poetar
aos amantes sem amar?
Porque meus lábios secam,
gretados de mil lamentos
pelo vento emudecido?
Que forças vis de mim pecam
lançando-me tais tormentos,
a mim, pobre poeta caído?
Quantas vielas escuras
terei de calcorrear
por tão sinistro destino?
Que prostitutas impuras
encenarei eu de amar
em poesias sem tino?
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