COVIL DE RATOS E HOMENS
Ah, caro leitor,
já sei quem tu és!
És como eu:
Um poeta sem nome,
cavaleiro andante!
Apolo, Hefesto, ferreiro celeste.
Relicário divino, ourives sagrado,
que sofre calado nesse paraíso de lobos,
covil de homens e ratos ..,
criado por Deus!
Tu, caro leitor!
Nunca fostes ameba,
nem simples protozoário,
esquecido, perdido no tempo.
Não evoluiu de um símio qualquer,
nem do sêmen de primitivo macaco.
Não inventou instrumento cortante de pedra,
nem morou em profundas cavernas.
Ah, caro leitor!
Não se engane.
É tudo tolice. Descabida mentira!
Como pode do nada, como cometa em chamas,
como estrela cadente, como num estalo de dedo,
passe de mágica...,
a vida surgir?
Tu, caro leitor!
Como todos nós,
és feito do pó da terra!
És brinquedo, capricho vetusto e irônico!
Criado como ânfora, como jarro de barro,
a imagem e semelhança..,
de teu sagaz criador.