VENTOS E MARÉS

Sinto o fardo de mil mundos.

Passam todos por mim como um raio.

Cegam meus olhos com suas visões

De toda a cor e forma; o inimaginável!

Assisto o ser sem fim.

Tanto posso e nada faço.

Tudo se acumula e desaparece.

Sou o desperdício concreto.

Que responsabilidade tremenda agir!

O rumo, a direção, tudo se atravessa

A vida engasgada em minha laringe.

A voz da insurreição de ti mesmo

Nunca veio. Quanta responsabilidade!

O início à toda prova

Mover-se rumo a indecisão

Só aqui posso tudo o que sou

Quanta coisa, quanto ouro!

Nada.

A elegância de nada ser.

A inércia confortável.

Que tragédia tomar partido!

O mar de mim se ausenta.

Olho pro abismo e vejo o exílio

Olho pras montanhas e vejo o frio.

Olho pra cá e não vejo

Que vale a história!

Que custo ter de viver!

O estático, o imóvel, o confiável.

O humano, o visceral, o intratável.

Todos convergem num ponto:

A ironia da vida

- Escolher viver.

Hernâni Arriscado - Ventos e Marés.

Hernán I de Ariscadian
Enviado por Hernán I de Ariscadian em 18/06/2016
Código do texto: T5671501
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