Ciladas
“...cada um tem sua vaidade, e a vaidade de cada um é o seu esquecimento de que há outros com alma igual.” (Fernando Pessoa)
*********************************************
Dê-me a diferença inconsútil
Daquilo que tu mostras saber
Ao lado das vestes do que ainda irei aprender;
Sorrirão duas faces soberbas
Com máscaras de tenazes paixões:
A sua que já testemunhou os fatos,
A minha que ainda ignora os próprios atos.
Somos dualidades de egoístas opiniões!
Aprendi a me humildar ante as páginas que ensinam
E a livrar-me do aprender enraizado
Como pingente fugindo do copo transbordado;
Aprendo com o sofrimento da mente podada
Presa em corpos de vísceras iguais:
Sei que uma dor enriquece o sedentário,
E outra empobrece o proletário.
Somos egoísmos iguais no inconsciente!
Se somente almejamos mantos cifrados
Onde apenas gozam corpos privilegiados,
Seremos reféns das conquistas efêmeras usurpadas;
Nesse leito sempre haverá uma alma condenada
Refém da liberdade amordaçada:
É o ego atrelado ao belo e ao imundo,
Com falsos valores sedutores no mundo.
É a vida armando suas eternas ciladas!