Nem Todo o Silêncio
Nem todo o silêncio
Quer ser escutado
Muitas vezes ele
É interrompido
Naturalmente
Seja por fatores concretos
Ou em condições abstratas
Mas ainda assim
Se prolifera silêncio.
Para cada qual
tem seu abatedor
Na procissão funeral, tem o sino
Na prece da refeição, tem a fome
Na hora da fome, tem a boca do estômago
No momento do ódio, tem o coração
Na dor escrusciante, tem o desmaio
Na hora da discussão, tem a imaginação
Na doença infantil, tem a tristeza
Na introspecção, tem o pensamento
Na hora da morte, tem o desprendimento
Na própria tristeza, tem a lágrima
No aperto da saudade, tem a lembrança
No término da relação, tem o vazio
Para cada qual
tem seu contendor.
As vezes deve ter silêncio
Que não queira ter sido
Talvez só um zumbido
Alguns queriam ser um incêndio
Proferido em voz alta
Gritado em voz baixa
Mas é um silêncio indesejável
até mesmo para ele que vive no espaço.