Nem Todo o Silêncio

Nem todo o silêncio

Quer ser escutado

Muitas vezes ele

É interrompido

Naturalmente

Seja por fatores concretos

Ou em condições abstratas

Mas ainda assim

Se prolifera silêncio.

Para cada qual

tem seu abatedor

Na procissão funeral, tem o sino

Na prece da refeição, tem a fome

Na hora da fome, tem a boca do estômago

No momento do ódio, tem o coração

Na dor escrusciante, tem o desmaio

Na hora da discussão, tem a imaginação

Na doença infantil, tem a tristeza

Na introspecção, tem o pensamento

Na hora da morte, tem o desprendimento

Na própria tristeza, tem a lágrima

No aperto da saudade, tem a lembrança

No término da relação, tem o vazio

Para cada qual

tem seu contendor.

As vezes deve ter silêncio

Que não queira ter sido

Talvez só um zumbido

Alguns queriam ser um incêndio

Proferido em voz alta

Gritado em voz baixa

Mas é um silêncio indesejável

até mesmo para ele que vive no espaço.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 13/06/2016
Código do texto: T5665618
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