Escrava da Dor
Escrava da Dor
Madrugada, noite escura,
a chuva vergastando o telhado,
num ritmo furioso de tédio.
Fechando os olhos lacrimosos,
Sem sono, mais um sonho,
A dor lhe rasga o coração,
Pungente, intensa, extrema.
O eco da voz de quem ama,
O cheiro que a impregna,
A imagem que acaricia a mente,
A impedem de se esquecer.
Passam um dia, um mês, um ano,
A dor a atormenta eterna,
E o lamento chora a ausência,
De uma carícia, sorriso, algo...
E a dor sufocante a escraviza,
Sabendo-o além, além sem fim,
Sem paz, sem o seu amor,
Devotado, submisso, afluente
De si, rio corrente de vida,
Ébrio , profundo, excitante.
Escrava da dor, agoniza,
Sob o chicote da separação,
Infligida, marcada, cruel,
Do tempo que se esvai,
Sem o beijo amante
Do amor do seu senhor.
Escrava de si mesma,
Acorrentada na dor,
Por elos, frios, forjados,
A cada batida do coração.
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