Escrava da Dor

Escrava da Dor

Madrugada, noite escura,

a chuva vergastando o telhado,

num ritmo furioso de tédio.

Fechando os olhos lacrimosos,

Sem sono, mais um sonho,

A dor lhe rasga o coração,

Pungente, intensa, extrema.

O eco da voz de quem ama,

O cheiro que a impregna,

A imagem que acaricia a mente,

A impedem de se esquecer.

Passam um dia, um mês, um ano,

A dor a atormenta eterna,

E o lamento chora a ausência,

De uma carícia, sorriso, algo...

E a dor sufocante a escraviza,

Sabendo-o além, além sem fim,

Sem paz, sem o seu amor,

Devotado, submisso, afluente

De si, rio corrente de vida,

Ébrio , profundo, excitante.

Escrava da dor, agoniza,

Sob o chicote da separação,

Infligida, marcada, cruel,

Do tempo que se esvai,

Sem o beijo amante

Do amor do seu senhor.

Escrava de si mesma,

Acorrentada na dor,

Por elos, frios, forjados,

A cada batida do coração.

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 11/06/2016
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