A MAÇÃ DA INVENÇÃO

Livre como uma árvore presa à terra por suas raízes,

por querer estar atada à nave que voa, célere,

em sã consciência sugando a seiva mineral,

resplandece e sorri ao mundo ao redor,

oferece seus frutos como numa feira,

espalha aroma, entra vidas adentro,

livre como o tempo preso à roda

dos destinos que se fazem...

Livre, sem as correntes de ouro da economia,

caminha o homem e se senta à sombra da árvore,

pensa estar ela presa ao semblante do universo,

come o fruto e agradece à mãe natureza,

se recosta e ouve o mundo rodar

as engrenagens de ferro,

que rangem...

Livre, escrevo e estou preso às palavras

que aram o campo da minha mente,

plantam e colhem versos,

esqueço quem sou,

deito meu corpo

sobre o papel

e como a maçã

da invenção...