A reconsideração do tempo.

Eu queria ser exatamente o que sou.

Como sou.

Ter minha altura.

Exatamente o meu biótipo.

Ser apaixonado por Filosofia.

Não acreditar em deus.

Muito bom ser Vasconcelos.

Sendo pelo menos parcialmente agnóstico.

Entender os fatos fenomenológicos.

Como interpretações ideológicas.

Ter tido a história de vida que tive.

Contemplar o céu e imaginar o infinito.

Gostei de cada instante dos meus sonhos.

Já pensei o silêncio e senti a escuridão.

Tive medo do limite do tempo.

Já vi o sol nascer e esconder ao mesmo tempo.

Feliz por passar horas e horas estudando.

Talvez para não ficar louco diante da ausência das significações.

Por entender o que é a dialética da terceira exclusão.

As memórias múltiplas.

E o caráter corroído das populações latinas.

Nunca imaginei nada além das minhas possibilidades.

Caminhar solitariamente por alguns trilhos.

Sentir a chuva e a lama deslizando os pneus de um jipe inglês.

Já senti o mundo distante da minha imaginação.

O carinho idiossincrático das interpretações.

Recordo das tias fazendo doce de mamão.

Das outras tias.

As sampaias do convento do caraça.

Servindo biscoito de polvilho.

Rezei o terço por diversas vezes.

Sempre achei perda de tempo.

Já subi montanhas para aproximar dos deuses.

Tudo que pude encontrar foi à velocidade do sol.

Entendi o movimento dos eixos.

O girar interminável dos sons.

Já pilotei uma moto à noite.

Em um caminho distante das encruzilhadas.

Encontrei animais atravessando a estrada.

Tive que fugir de tempestades.

De raios procurando angicos para não atingir o solo.

Então senti as nuvens desmanchando no ar.

Vi estrelas correndo atrás de outros sóis.

Divertindo com a invenção do mundo.

Entretanto, já desci pitombeiras sobre pedras.

Cheguei escutar o gemido dos deuses.

Encontrei anjos em plena floresta.

Jogando cartas de baralho com o demo.

O mais fascinante de todos os fatos.

O espirito de Aristóteles.

Caminhando em direção a uma caverna.

Com objetivo de pedir desculpas a Platão.

Jesus cristo dizendo que nunca fora deus.

E que o mistério da santíssima trindade.

Oportunismo político de Constantino.

Presenciei em minha vida.

Os rios descendo em seus sentidos contrários.

Poderia ter efetivado outras loucuras.

Entretanto, optei dormir as tardes.

Porém, vi uma luz que não vinha do sol.

Uma voz sonora e distante disse.

Escreva um poema a respeito do medo.

Respondi que escreveria se revelasse quem era.

Respondeu uma linda moça que morreu muito jovem.

Na fase de transição do elo sagrado.

Quando o sapiens ainda não era homo.

Não existia sequer a linguagem.

Estou aqui para te contar um segredo.

Magnifico e triste ao mesmo tempo.

Tudo que posso dizer que você é minha continuidade.

O último das diversidades.

Eu sei o quanto tudo isso é insignificante.

Em um tempo próximo entenderei as significações.

Amanha será domingo.

O infinito por essas partes será azul e cheio de trovões.

O que se repetirá eternamente enquanto a noite for contínua.

Quando em um piscar de olhos despareceu.

O derradeiro sinal.

Professor: Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 08/06/2016
Reeditado em 08/06/2016
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