Doce Vingança
Doce Vingança
Um dia, um espelho,
corroído pelo tempo,
reflectirá teu rosto,
pejado de velho rancor
de ti, sem compaixão.
Rosto vincado de amargura,
da incerteza cruel imposta,
na insanidade crua da mente
deturpada de razões obscuras
e de verdades contrafeitas.
Teus olhos sofrerão o pesadelo
da quietude facial vincada
por esgar de agonia incontida
que cerra os lábios frementes
e te negam o gemido e o choro.
Queda, interrogarás sem conta,
numa tortura pertinaz da imagem,
devolvida pelo esconjurado luar
invasor das janelas poeirentas,
o espelho enojado da tua nudez.
Quantas traições te foram doadas?
Uma, duas, três? Mais? Ou nenhuma?
E, louca, atacarás a imagem difusa,
que, em doce vingança, jamais dirá
de dó, a certeza à questão viperina.
Doce vingança, será a fuga iminente,
na vaidade da sombra que te arrastará,
cobardemente, para a escuridão bafienta
de um quarto sem as espelhadas cores.
E ali, perene, jazerás, por vingança!
Doce vingança, minha liberdade doada
às mãos que beijo e me abraçam ternas,
onde, em seu peito, me abrigo feliz
e repouso os meus sonhos e pesadelos
esquecendo-te, saboreando a vingança.
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