Doce Vingança

Doce Vingança

Um dia, um espelho,

corroído pelo tempo,

reflectirá teu rosto,

pejado de velho rancor

de ti, sem compaixão.

Rosto vincado de amargura,

da incerteza cruel imposta,

na insanidade crua da mente

deturpada de razões obscuras

e de verdades contrafeitas.

Teus olhos sofrerão o pesadelo

da quietude facial vincada

por esgar de agonia incontida

que cerra os lábios frementes

e te negam o gemido e o choro.

Queda, interrogarás sem conta,

numa tortura pertinaz da imagem,

devolvida pelo esconjurado luar

invasor das janelas poeirentas,

o espelho enojado da tua nudez.

Quantas traições te foram doadas?

Uma, duas, três? Mais? Ou nenhuma?

E, louca, atacarás a imagem difusa,

que, em doce vingança, jamais dirá

de dó, a certeza à questão viperina.

Doce vingança, será a fuga iminente,

na vaidade da sombra que te arrastará,

cobardemente, para a escuridão bafienta

de um quarto sem as espelhadas cores.

E ali, perene, jazerás, por vingança!

Doce vingança, minha liberdade doada

às mãos que beijo e me abraçam ternas,

onde, em seu peito, me abrigo feliz

e repouso os meus sonhos e pesadelos

esquecendo-te, saboreando a vingança.

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 07/06/2016
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