O Tedio versus a Aventura
No tédio mergulhamos de nossas vidas frias
Quando,dia após dia, nossos instantes se igualam,
E seguimos pela via anestésica das letargias
Ao som monótono de destinos que nos falam.
Tudo se unifica, é o tempo uma bigorna
Que marca, ao som de estrondos indistintos
Os cadenciados ritmos da vida que transtorna,
Sempre a mesma chaga em corações famintos.
Então, hostil ao tempo que o mundo uniformiza
Por vezes um coração, austero e atormentado,
Brada feroz:por aventura!,e esta divisa
Clama desgrenhado em busca de um pecado.
Oh corações de lava,os horizontes novos
São molas desenhadas no cerne das pupilas,
Quanto mais se vê o espaço ,em largos sorvos,
Mais gritam vossas volúpias por musas intranquilas.
Um corpo ardente que auroras nos devota,
Um lábio terno vivo em fulgor doce
Um talhe suave chamando a sua rota,
Tudo isso é viagem que os instintos nos comtorce
À avançar,e malabarismo hábil,sutil
Nosso alcance por novidades se estrebucha,
Se metamorfoseia em cambalhotas,esguil
E anseia, luta, a fatalidade puxa.
No dia busca o perigo como a um ar
Necessario, primordial,que nosso sonho leva
Por novas praias, onde brilha um mar
Glauco e sublime, vencendo o turbilhão de treva.
Como seria temerário se a manhã loira
De nosso apelo forjasse uma rotina,
E unisse , por uma inveja zombadora
O nosso anseio e a igualdade que a alucina.