Por todas elas

“ Por todas elas”

Nem boneca de luxo, nem de louça.

Boneca de pano sem rosto,

deixada num canto, inanimada,

no olhar dos saltimbancos desprezíveis.

Olhares desalmados

anuviados de valores; pigmentos da

escravatura machista, opressora.

Poema interrompido

nas palavras sequestradas, nos

versos da escolha sonegada;

livro fechado no chão, da boneca

que não pode SER.

Escrito na boneca de pano ,o

poema visual do horror; exílio

solitário de uma alma que vagueia

sem paz, sem gozo; no avesso da

lua sem luar.

Desnudo da dignidade

um corpo machucado,

bezuntado pela nódoa da

inconcebível barbárie,

O silêncio grita em cada

morte indigna de uma boneca

de carne. No peito, o coração pulsante,

sofre e chora, no manto escuro

do desamparo.

Quem ouvirá?

Olynda Bassan

olyndabassan
Enviado por olyndabassan em 01/06/2016
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