Por todas elas
“ Por todas elas”
Nem boneca de luxo, nem de louça.
Boneca de pano sem rosto,
deixada num canto, inanimada,
no olhar dos saltimbancos desprezíveis.
Olhares desalmados
anuviados de valores; pigmentos da
escravatura machista, opressora.
Poema interrompido
nas palavras sequestradas, nos
versos da escolha sonegada;
livro fechado no chão, da boneca
que não pode SER.
Escrito na boneca de pano ,o
poema visual do horror; exílio
solitário de uma alma que vagueia
sem paz, sem gozo; no avesso da
lua sem luar.
Desnudo da dignidade
um corpo machucado,
bezuntado pela nódoa da
inconcebível barbárie,
O silêncio grita em cada
morte indigna de uma boneca
de carne. No peito, o coração pulsante,
sofre e chora, no manto escuro
do desamparo.
Quem ouvirá?
Olynda Bassan