Ainda há Vida para se Viver!
Meu universo é uma miragem:
Minha irmã morreu,
Meus pais se afogaram em rios de saudades,
Meus amigos vivem em eufemismos hipócritas,
A vida de cada um é uma mentira bem contada.
A vida choveu lágrimas de indiferença,
Deus é livre e a gente sofre,
As pessoas são estranhas dentro de si mesmas.
Tantos sorrisos, tantas conquistas,
Tantas festas, tanta busca por prazeres,
Tantas alegrias encobertas de tristezas e de etiquetas falsas;
Tantas falsidades religiosas riem em teus olhos,
Tanto desejo sexual para abafar a solidão da alma,
Tantas e tantas pessoas mortas antes de ser sepultadas.
A dor é inevitável,
Os beijos também traem os lábios,
Tudo são invenções: amor, paraísos, alma, beleza, sociedade???
Mas ainda há amizades verdadeiras,
Ainda há ventos de esperanças que afagam os lírios do campo,
Ainda há outras ruas, outras paisagens, outras auroras;
Ainda há tesouros impalpáveis entre os casebres de nosso coração;
Ainda há lágrimas e fé em nossos olhos de crianças,
Ainda há pipas no céu e pomares de inocência nos quintais,
Ainda há nossos consolos e crenças
As quais não mergulham nesses oceanos de dúvidas.