Distante

Não sou mais o mesmo.
Nunca fui o que sou.
Sou metamorfose emblemática,
vento norte que escapa
trazendo nuvens sombrias.
 
Meta que distancia enquanto aproximo.
Cansaço marcado pelo barro amassado.
Caminho percorrido em vacilos.
Sento-me, descanso. Não desisto.
 
Renovo as entranhas de minh’alma.
Deliro apalpando a plenitude do ser.
Não sou sendo...
sou enquanto me vejo.
Mas se não me encontro,
nada temo.
 
Fria brisa, puro alento.
Leveza de uma vida que se esvai.
Distante da perfeição – compreendo.
Reflito sobre meu chão, meus ais.
 
Enquanto as nuvens passam
ondas do mar meus pés tateiam.
A alma se esvazia em gratidão
E por um segundo me percebo,
perto ou distante do meu centro.
O que importa?
Meu banco, meu céu, meus pés no sereno.



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