MEMÓRIAS

Memorias, eram tantas quantos os passos curtos e diversos na empoeirada estrada,

Velhas lembranças como aqueles abatidos calçados que cobriam os pés cansados,

Memorias que tumultuavam a solitária jornada e sufocavam como a poeira daquela jornada,

Luz de milhares estrelas que cortejavam o caminho, mas que não bastavam para clarear a direção.

Vestido de trapos que o vento balançava como o aceno de uma mão ao dizer adeus,

O passado refletia como um vidro ao sol e ardia os olhos que brotavam rios de lágrimas,

O futuro se apresentava como tendas cobertas guardando segredos, impondo temor,

Em um presente em que o tempo não parava de prosseguir, mas que trazia aparência de monotonia.

Mas cada memoria era eu, espelhos da infância e juventude,

Em que pese os pés se encontrassem cansados, protegidos por sapatos surrados, ainda caminhavam...

Era hora de despir as velhas indumentárias e permitir o novo,

E rasgar as tendas do futuro, assim como o sol rasga o céu a cada amanhecer.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 24/05/2016
Código do texto: T5645824
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