MEMÓRIAS
Memorias, eram tantas quantos os passos curtos e diversos na empoeirada estrada,
Velhas lembranças como aqueles abatidos calçados que cobriam os pés cansados,
Memorias que tumultuavam a solitária jornada e sufocavam como a poeira daquela jornada,
Luz de milhares estrelas que cortejavam o caminho, mas que não bastavam para clarear a direção.
Vestido de trapos que o vento balançava como o aceno de uma mão ao dizer adeus,
O passado refletia como um vidro ao sol e ardia os olhos que brotavam rios de lágrimas,
O futuro se apresentava como tendas cobertas guardando segredos, impondo temor,
Em um presente em que o tempo não parava de prosseguir, mas que trazia aparência de monotonia.
Mas cada memoria era eu, espelhos da infância e juventude,
Em que pese os pés se encontrassem cansados, protegidos por sapatos surrados, ainda caminhavam...
Era hora de despir as velhas indumentárias e permitir o novo,
E rasgar as tendas do futuro, assim como o sol rasga o céu a cada amanhecer.