Direito de Defesa

Se meu organismo envelhece

num templo de ondas mortas

Padeço sobre tudo que cresce

a vida: resumo como se portas.

Se a minha língua é perspicaz

pense bem, são anos de dores

Dissabor em renascer mordaz

a morte das flores e suas cores.

Se a minha boca traz a cólera

é porque o merecimento veio

Sátira e sarcasmo só se tolera

se vier de um romântico seio.

Se meus braços não confortam

envenenados por tal ignorância

De pessoas que não se portam

causando união de asco e ânsia.

Se eu infelizmente não defendo

nenhum argumento que tu diz

É que cordialmente desentendo

ou prefiro ignorar e viver feliz.

Se minha audição não é latrina

é porque não quero as dejeções

A alegria intermitente é neblina

um porto seguro para negações.

Se eu sinto cheiro de putrefação

ante falsa bondade e moralidade

É que no odor desta presunção

prevejo um inferno de boçalidade.

Se tudo que tentei foi em vão

jamais poderei falar desta forma

Eu prefiro ser odiado, mas, são

na contemplação de cada norma.

Se nada mais poderá ter validade

considero-me no direito de viver

Não aceitarei esta alheia vaidade

que quer dizer como sobreviver.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 24/05/2016
Código do texto: T5645085
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.