Amor Silencioso

Amor Silencioso

Emerges da noite escura,

de mansinho, flutuando,

de corpo velado da aura

de luz difusa que não cega;

E eu, na escuridão de mim,

pressuponho uma visão.

Da aura de luz que te cerca

vislumbro teu rosto sereno,

os lábios de mil promessas,

as mãos elevadas de paz...

Estremeço, inquieto, arfando...

É em vão que meus sonhos

surgem do infinito do desespero

da ilusão e do desencontro,

onde todos os caminhos idos

e vindos me lançam na solidão.

Meu amor, como anseio teu rosto,

Esse teu sorriso - porta entreaberta

à voracidade do desejo de beijos

e aos sussurros de enamoramento!

Mas não ouso tocar-te... o temor

apodera-se de mim como garra

que me amordaça os lábios

me manieta as mãos e crava,

acerada, o pânico no meu peito,

e me cerra, lancinante, o olhar.

Amor, sempre ciciaste, ternamente,

a partilha deste nosso amor distante

que nos fecunda os nossos sentidos

e nos exalta as nossas almas gémeas!

E eu te jurei sempre amor eterno!

Nossas almas são indivisíveis e imortais

mesmo que nossos corpos perecíveis

sejam duas naus à deriva, sem leme,

almejando portos de abrigo temporais,

onde ancorar e zarpar noutras rotas.

Respiramos no mesmo fôlego;

somos o "tu em mim, e eu em ti"!

E doamos toques e beijos ávidos,

como dois cegos que se tacteiam,

se se reconhecem pelos aromas,

e se sorvem famintos de amor.

Não escuridão, não descerro meu olhar!

Não te vou satisfazer essa crueldade

e esse esgar gargalhado que esmague,

na roda do desespero, este meu sonho!

(Meu amor eterno reentra na noite

e eu no breu dos meus terrores!)

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 19/05/2016
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