Ela disse...

Não doía tanto ser mulher,

Mas doía muito ser escravizada,

Oprimida, humilhada!

Não doía tanto ser xingada,

Mas doía ser mulata,

Doía, ser jogada num buraco,

amarrada, despida, desvalorizada!

Não doía tanto acreditar,

Mas doía muito, mais muito mesmo,

Pensar, estudar, se expressar,

ser feliz e amar!

Não doíam tanto os cuspes no rosto,

Mas o abuso verbal, opressão mental,

Doía e muito!

Era do rabo que eles gostavam, doía!

Era no rosto que eles batiam,

era o que menos doía...

Eram baratas que colocavam na minha vagina...

Estava presa há dias, mas eram eles quem fediam!

Achei que havia sido libertada no dia 13!

Ao invés disso...

Descobrir 13 manobras de escravidão,

racismo e ditadura!

Ela disse...

A outra também disse...

Aquelas diriam se estivessem vivas.

Que ainda dói os abusos cotidianos,

“Gostosa, puta, vadia,”

Mas dói muito mais a hipocrisia dos direitos iguais.

Robson Raycar

Domingo 15 de Maio 2016 às 21:01

ROBSON RAYCAR
Enviado por ROBSON RAYCAR em 16/05/2016
Reeditado em 14/05/2020
Código do texto: T5636967
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