Fragmentado

Meu tempo é curto e curioso

Uma verdadeira crise de identidade

Essas mensurações misteriosas

Que dão vida as margens da eternidade

Em situações intensas e criteriosas.

Vivemos a epidemia da desmoralização

Tudo é permitido e nada é definido

A única realidade é viver em idealização

Entre o tempo e o espaço sou reprimido

Uma viagem que ninguém é conhecido.

Eu não sou o que você vê. Realizado.

Estou no confronto e na afronta

Onde a pergunta se revolta e remonta:

Porque nossa alma se dobra e aponta

um mote sobre o eu no meu passado?

Esse silêncio abstêmio da vontade

Me parece justo e me perece

Mas nada enfim pertence a sobriedade

E enquanto ébrio, o ser enobrece

Definhando entre sorrisos e preces.

Até onde eu posso viver minha imagem?

Ainda bem que tudo é limitado como o tempo

Ninguém precisa ver como termina a linhagem

Entre as loucuras que nos empobrecem

Precisamos de curas que nos entorpecem!

Por isso que às vezes eu acho desastroso

Pensar numa imortalidade imbecil

Pois é somente um extrato pueril

Dos desejos de quem viveu pesaroso

Que não consegue viver o que nunca se viu:

A solidão, a multidão desconhecida

A sofreguidão, a contemplação estremecida

A morte e a morte e a realidade comprimida

Eu, por outro lado, vejo como sorte

Termos corpos com validade a ser vencida.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 12/05/2016
Código do texto: T5633902
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