Fragmentado
Meu tempo é curto e curioso
Uma verdadeira crise de identidade
Essas mensurações misteriosas
Que dão vida as margens da eternidade
Em situações intensas e criteriosas.
Vivemos a epidemia da desmoralização
Tudo é permitido e nada é definido
A única realidade é viver em idealização
Entre o tempo e o espaço sou reprimido
Uma viagem que ninguém é conhecido.
Eu não sou o que você vê. Realizado.
Estou no confronto e na afronta
Onde a pergunta se revolta e remonta:
Porque nossa alma se dobra e aponta
um mote sobre o eu no meu passado?
Esse silêncio abstêmio da vontade
Me parece justo e me perece
Mas nada enfim pertence a sobriedade
E enquanto ébrio, o ser enobrece
Definhando entre sorrisos e preces.
Até onde eu posso viver minha imagem?
Ainda bem que tudo é limitado como o tempo
Ninguém precisa ver como termina a linhagem
Entre as loucuras que nos empobrecem
Precisamos de curas que nos entorpecem!
Por isso que às vezes eu acho desastroso
Pensar numa imortalidade imbecil
Pois é somente um extrato pueril
Dos desejos de quem viveu pesaroso
Que não consegue viver o que nunca se viu:
A solidão, a multidão desconhecida
A sofreguidão, a contemplação estremecida
A morte e a morte e a realidade comprimida
Eu, por outro lado, vejo como sorte
Termos corpos com validade a ser vencida.