O CÃO
Quando o cão passa e me lambe a mão,
lambe com sua língua longa e áspera minha solidão,
afasta de mim o sentimento de vazio,
recobre meus ombros arrepiados de frio...
Com sua atitude avessa à preço,
me lembra a manta
que me cobria no berço
quando a noite chegava com seu pote de orvalho gelado,
meu urso de pelúcia com o qual dormia abraçado
sorria para mim, feliz,
junto à mim,
encostado no nariz...
Quando o cão
por mim passa e abana o rabo,
por ele abano, feliz e apaixonado,
o rabo do meu coração...