Sobre a Bondade
Devo falar que a bondade
É fazer contato com o oculto
Como um sujeito subjetivo
Mas é tão menos interativo
Do que no plácido indulto
De falar sobre a maldade.
Não é que o mundo é mal
Ou que as pessoas são ruins
Talvez seja a neutralidade
Que não seja só negatividade
Mas a cólera do mal tem fins
Parece ferida passada no sal.
Ser bom precisa de anonimato
Uma notória independência
E vivido predicado terápico
Abertamente assintomático
Candidato a inexistência
Porque ninguém quer o relato.
O mundo esconde a positividade
A conduta humana mais briosa
Faz-se temporária e passageira
O mal tem propaganda grosseira
Propaga toda a ação perniciosa
Na memória aloja com facilidade.
Os males não precisam de nomes
Na mente eles ficam conservados
Como o alimento que mata a fome
Necessita de serem preservados.
Remeter uma pessoa bondosa
Fora do seio familiar e dos amigos
Quem pode se inclinar falar de abrigos
Parece que a bondade não é frondosa.
Dizer que é bom não é bom de fato
Na verdade é um paradoxal hiato
Quem faz a boa ação não diz
Quem a recebe vive a vida feliz
Não deseja o marketing agressivo
A bondade faz o espírito impressivo.