A Menina de Alepo

“O que nós fizemos de errado?”

Para que bombardeassem

Nossas casas, destruíssem

Nossos lares e levassem

Nossos pais?

“O que nós fizemos de errado?”

Para que bombardeassem

Nossas creches e escolas?

Para que matem nossos

Mestres e silenciem a

Sua sabedoria?

“O que nós fizemos de errado?”

Para que bombardeassem

Nossos poucos hospitais

Que entre escombros

Persistem em minimizar

As nossas dores?

“O que nós fizemos de errado?”

Para que bombardeassem

Nossos hospitais e matem

Os poucos médicos que

Atendem com amor as

Vitimas da imbecialidade

Humana da guerra?

Porque somente o amor

À humanidade pode explicar

Que estes médicos continuem

Arriscando suas vidas em

Benefício da população sitiada

Cumprindo seu juramento

Mais que sagrado.

“O que nós fizemos de errado?”

Para que destruam a pureza

De nossos corações plantando

Neles as sementes da

Intolerância?

“O que nós fizemos de errado?”

Para que sejamos doutrinados

Nas mais diferentes ideologias

Para que cravem em nossos

Corações “verdades absolutas”

Que ninguém pode confirmar?

“O que nós fizemos de errado?”

Para que nos roubem a nossa

Inocência de criança? Para que

Roubem-nos os sonhos???

Para onde irão aqueles que

Rouba-nos os sonhos?

A liberdade de pensar com

Nossas próprias cabeças?

Para onde irão aqueles que

Semeiam a discórdia? A

Fome? A guerra?

Para onde irão aqueles que

Com suas ideologias

Aprisionam os corações

Pueris, que buscam

Controlar seu destino,

Seu futuro, que os cegam?

“O que nós fizemos de errado?”

Que nós adultos tenhamos a

Dignidade de responder a

Pergunta na Menina de Alepo,

A qual representa todas as

Crianças que vivem nas

Zonas de guerra.

Este poema martelou meu cérebro desde o momento que vi (assim permaneceu durante a noite toda) na reportagem a menina caminhando entre os escombros da cidade de Alepo na Síria após o bombardeio que destruiu o único hospital matando pacientes e médicos, incluindo o único pediatra que atendia naquela cidade. Confesso que ao ver pela TV na noite de 28 de Abril de 2016 aquela menina olhar para a câmera e indagar: “Oque nós fizemos de errado?” lágrimas queimaram em meus olhos. Naquele momento desejei ser como “O vento que liberta” e deslocar-me até a Síria ou a qualquer outro país envolvido na bestialidade da guerra e levar um pouco de alívio para as dores. Menina de Alepo, como a chamo em meus pensamentos, talvez nunca saiba o seu nome, talvez nunca nos encontraremos em vida, provavelmente nunca saberá que existo, mas espero que o “Vento que liberta” bafeje a paz que necessita na sua vida. Saiba que eu, aqui do outro lado do mundo, senti sua dor. Que a Paz esteja em seu coração.

Edson Cavalari
Enviado por Edson Cavalari em 29/04/2016
Código do texto: T5619933
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