O pássaro
Sinto-me como um pássaro triste sem asas e sem canto
Na beira da porta entreaberta da gaiola sem vontades
Observando um vento morno a surgir e envolver o tempo
Que se parece um morto assim comigo um desses tempos
Chatos que percorrem os dias que se morrem
Sinto-me com um desinteresse de sentir
Com uma angústia que me deixa tonto
Um tolo sem noção em plena involução
Na gaiola de uma nação
Batem palmas mas eu não saio de minha fixa condição
Jogam água e me cospem
Acenam com as duas mãos
Fazem graças da desgraça de minha falta de emoção
E me castram a esperança de outros ares voar
Porque me querem pássaro
Sem chance de sonhar