Água ao fogo
Já imaginei sonhos fáceis, fáceis na minha imaginação
Já socorri alguém da ira, mas não acudi a mim mesma
Já pensei que veria céus estrelados, hoje vejo azul sem cor
Já acreditei na chuva, hoje a vejo mentir para as plantas
Não sou mais eu mesma, sou alguém submersa ao presente
Já não falo por mim hoje sou escrava da minha ira
Sinto-a subindo, dos meus pés ao peito perturbado pelo acaso
E nele, ela se apodera como fogo em madeira seca
Ela me ensinou a revolta, a revolta contra o meu ser que arrepende
Se arrepende,
De ter sido eu
De sonhar
De lutar
De sonhar de novo
De me esquecer
Esquecer de hoje
Entre luz translúcida ela me espreita
E sabe a hora certa de atacar
Ela sabe, que sonho que luto
Que moldo obstáculos
Que os faço de machê
E assim conquisto
Um dia e outro
Mas o meu ser arrepende
Se arrepende
De ter sido eu
De sonhar
De lutar
De sonhar de novo
De me esquecer
Esquecer de Hoje