PALAVRAS AO VENTO
Vou jogar
Meus versos
Para o céu.
E ceder
aos encantos
de Ekhó.
Quero ir
De eco
Em eco.
De beco
Em beco.
Pegar o
Embalo
Dos ventos,
E o Eco
Das palavras
De Umberto.
Quero partir
Bem cedo
Logo ao
Amanhecer,
No canto
Do galo
De João
Cabral
De Melo
Neto.
Quero
Cruzar
Os mares
E no som
Do estouro
Do besouro
Do haikai
De Matsuo
Basho,
Quero
Que o
Meu canto
Ganhe
O mundo.
Nesses ecos
Ocasionais
E em tantos
Outros ecos,
Quero encontrar
Meu tom.
Mesmo
Sem a
Rima do
Raimundo
De Carlos
Drummond.
Mesmo,
Sem asas,
E sem rimas...
Ainda,
Quero jogar
Pra cima
Meus versos,
Na esperança
Que caia
Em algum
Quintal
Maior que
O mundo.
Igual as
Poesias
Disformes
Feitas com
Palavras
De Barro,
No quintal
De Manoel.
Quero que
Meu eco
Vaguei
Pelo mundo!
Que em
Cada Beco,
Que em
Cada quintal
Encontre
Seu rumo.