Descoberta

Descobrir o sentido da vida é como descobrir que o sentido da vida definitivamente não faz sentido. Somos feitos de sensações, sentimentos e momentos. Atribuir à vida um único sentido é como se enganar e achar que para se chegar à linha de chegada basta seguir a linha pontilhada. Na vida não há apenas um caminho, um significado e uma sensação, não há certo, errado, apenas uma interpretação, uma visão e uma única verdade. A vida é um local de possibilidades e, não de verdades, os erros são erros apenas por uma questão de nomenclatura, os erros são experiências, são vivências e incongruências. Quanto mais se erra, mais se sabe que está em perfeito movimento, que está vivendo. Para cada ser há inúmeras de centenas de milhares de possibilidades, as quais se materializam e se concretizam a depender da vontade, da conspiração, da energização e da experiência e vivência desse ser. Uma única situação é capaz de alavancar inúmeras possibilidades, das mais inimagináveis. Acreditar que apenas uma é correta é como correr para trás, como correr para dentro, para o escuro daquilo que você chama de “meu quarto”. “O meu quarto” é um lugar limitado, quadrado e fechado, fora dele há um mundo vasto e infinito que me permite sensações e emoções, as quais eu sequer sou capaz de relatar. As experiências sobre aquilo que se encontra no deslinde dessa vida, não são previsíveis, são, ao contrário, imprevisíveis, surpreendentes e envolventes, nos fazem tonalizar, utilizando a cor que quisermos, inclusive, aquelas que ao primeiro passo não existem, aquilo que parece um desenho monocromático. Aquilo que se quer dizer quando se escreve é muito diferente daquilo que eu entendo quando leio. As palavras, assim como as experiências nos tocam de maneiras infinitamente distintas, querer sentir aquilo que o escritor sente, é completamente inimaginável e impossível. O mais interessante e fascinante disso tudo é poder sentir algo único e exclusivo, no momento em que lemos aquilo que foi escrito, pois de certo, o outro ser irá ler exatamente a mesma grafia e enxergar letras e palavras diferentes, cujos sentidos atribuídos serão indubitavelmente dissonantes daqueles atribuídos por você. E aí, termino esta epígrafe, tal como começou: o sentido da vida é descobrir que definitivamente a vida não faz sentido.

Matheus Karl
Enviado por Matheus Karl em 18/04/2016
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