Maria João
Ela era Maria
E também era João
E morava com a mãe
Perto da estação
Tinha um pai
Que era alcoólatra
Violento, bonachão
Um tremendo covarde
Que batia e ofendia
A sua mãe e Maria -
A Maria João!
A Maria - menina
Foi crescendo e então
Percebeu que esta vida
Não queria mais não!
Entrou pra academia
De uma tal associação
E aprendeu capoeira
E lutava, feito João -
A Maria João!
Acontece que um dia
Numa certa ocasião
O seu pai chegou bêbado
E pra mãe de Maria
levantou sua mão
A Maria de um salto,
Pôs - se em frente da mãe
segurou o seu pai
e lhe disse então
Vá tomando tenência
Ouça o que vou te dizer
Deste dia em diante
Em mim ou em minha mãe
O senhor não vai mais bater
Cala a boca ô menina!
Grita logo o pai
Ou te sento a mão
Se da minha frente não sai
E Maria João
Encarou o seu pai
E olhou em seus olhos
Com tal determinação
Que o pai de Maria
Abaixou sua mão
E falou com firmeza
A Maria a seu pai
Saia já dessa casa
E não volte jamais!
Sei que é o meu pai
Mas, disso posso esquecer
Se tentares outra vez
Em mim ou em
Minha mãe bater
O covarde do homem,
Pai de Maria João,
Olhou bem em sua filha
E não a reconheceu mais não.
E enquanto ele saía
Sua mãe ela abraçou
E aquele corpinho frágil
Em seus braços aninhou.
Vou cuidar de você,
Minha mãe, minha vida
Hoje vamos fechar
Esta maldita ferida.
Todas somos Marias
Todas somos João
Diga não à violência
Não a aceite mais não!
Diga não!
Não!!!!!
Nãaaaaoooooo!!!!!!!!!!!!!!!
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"É melhor morrer lutando do que viver na submissão e na opressão - Diz Maria João. "
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Elaine Márcia.