Quero olhar, ainda,
antes de me ir,
as coisas na correnteza de minha infância,
a flor, que por segundos,
envergou-me ao puro encontro do encanto,
ao canto de um barranco, jamais percebida,
e era assim, entre mim e as coisas,
o ineditismo do olhar,
a fruta roubada que já me roubara,
a espera amadurecendo na verdura de tudo.
 
O resto, varrido por um vento divino,
morre na língua maledicente dos que lançam
as próprias cruzes nas costas alheias,
por descoragem ou anemia.
 
 
Ana Liss
Enviado por Ana Liss em 08/04/2016
Código do texto: T5598810
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