SUBTERFÚGIOS DE UM SER

Ás vezes, pergunto-me o que faz da existência humana ser tão embriaga por coisas supérfluas e banais. Seria a vida em sua essência tão banal quanto a banalidade que em torno de si é envolvida por uma humanidade caótica que aprisiona o livre espírito e corta as asas do mais belo vôo? Por que aquele que alcança as profundidades do oceano mental e ultrapassa os grilhões superficiais globalizados torna-se desprezível em nossa raça? Sinto-me envolvida por essas grandes questões, e quando lanço o olhar sobre meu ser, percebo que não posso fugir... a fuga me levaria ao encontro daquilo que não é possível! Pergunto-me, porquê? Por que devo estar aprisionada a um mundo limitado e cheio de verdade absolutas? Por várias vezes, ouvi dentro de mim uma voz que implorava para que eu fosse... gritava para que esse mundo ilusório e enganador deixasse me ir, deixasse-me voar. E entre gritos e silêncios, me dei conta de que era eu mesma quem deveria me permitir e me soltar de todas as amarras! Alcei então o mais alto voo e fui em direção ao desconhecido. Hoje retorno apenas para dizer que mais importante do que viver, é saber que que a vida em si, é muito mais que um mero esconderijo de almas que não conseguem enxergar a luz que possuem e preferem acreditar na existência encoberta pela escuridão da ignorância. Talvez, haja nesse mundo, uma beleza que ainda não descobrimos, e se descobrirmos, perderá o seu caráter natural de belo. Mas não posso me conformar! necessito e insisto em bater na porta mágica de uma dimensão que me leva ao mundo dos sonhos impossíveis, das palavras infinitas e das ideias ilimitadas. Vejo o imbrilhável brilhar, percebo indizível sendo dito, ouço o incantável cantar, sinto o toque do imperceptível, e inalo o que há dentro de mim... quando acordo, já não consigo distinguir a dupla percepção, apenas sinto que muito em breve, voltarei e novamente embriagar-me-ei, porque o lugar onde fui, de uma grandiosidade imensurável e capacidade pouco inexplorável, reside aqui mesmo... é o esconderijo, a fuga e o refúgio que em mim habita. Ao mesmo instante que me camufla, é o céu aberto dos meus subterfúgios, é o maior horizonte iluminado por algo inexprimível: eis o meu próprio ser traduzindo-se em palavras que pouco dizem mais muito revelam.... Já não sou a mesma de quando alcei o voo, nem poderia ser!

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Liciane Souza
Enviado por Liciane Souza em 06/04/2016
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