É só poesia?

É só poesia, alegoria, fantasia, cores salvando o dia?

Só ilusão, margarina sem pão, torrada sem requeijão?

Sem elo, sem chuva, sem credo, somente inspiração?

Um silêncio inoportuno, e um medo na face irradia?

Um vento passando, apagando a vela, fechada a janela

Resta só a escuridão, no fogão o último brasido esfria

A água não chia, não há chá, nem pão, e nem coração?

Não rimo, espremo os versos, na boca que te beija fria

É frio, é noite inquieta, que irrita o verbo, não cala

Nem no tapete da sala, e só fala, essa pobre mala...

Silêncio, por favor, um segundo, um minuto, esquece

Te esqueço, não sonho, não sonha, é frio, vem, aquece.