INVEJA

INVEJA

Aecio Kauffmann

Se a inveja é mortal pecado

p’ra que se diz ser cristão

vou mudar, já, do meu lado

vou trocar de religião.

Pois invejo de verdade

este jeitão, que já era,

de ser, como são, sinceras

e amigas, barbaridade.

Barbaridade, chô mico,

que falo apenas trovando...

Nos versos, vou invejando,

mas, na verdade não fico.

Não fico, porque marcado

por ferros de traição

vim por aí tresmalhado

me aguando só de afeição.

E, a la fresca, que o quente

da marca, chegando ao couro,

só queima, quando é na gente;

só dói, quando a gente é o touro.

Mas, já, das rimas perdido

qual galo cego em terreiro,

vou retomar ao sentido

que a trova dei por primeiro.

E inveja...tal era o tema

a tese, o ponto, a razão

Ter ou não ter...o problema

o X real da questão.

Toda a inveja tem um jeito

de enganar o coração...

Disfarçada é só respeito;

orgulhosa é frustração.

As vezes, tá encorujada

qual pica-pau, em tronqueira,

mas basta só uma olhada

p’ra secar a pimenteira.

É coisa de aspa-torta

ou mesmo de algum sotreta...

que inveja, quando anda em volta...

cruz credo...”Sai boi corneta.

Se o índio tá abichornado

todo azarento, no mais...

e coisa de mau olhado;

e coisa que a inveja faz.

Inveja que se advinhas

um pé tu põe logo atras...

Se notas que se avizinha

te cuida, porque é antraz.

Que ferra o pobre vivente

que as vezes perde a estribeira

e deixa o xiru doente

marcando, sempre, bobeira...

É isso aí, minha amiga

desculpa-me a brincadeira

mas cruza os dedos em figa

e bate forte em madeira.

E, quando te der na telha

um galo verde de arruda

sapeca em cima da orelha

que isto, dizem, que ajuda.

kauffmann
Enviado por kauffmann em 31/03/2016
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