Antídoto
Cada vez que, esperança encarno,
Busco refrigério para esse inferno;
só lapso dela, que presto discirno
tento pintar, com verde contorno,
não, uma arte pontual, é diuturno...
E, até dormindo a ela me assanho,
de modo mágico automático, venho,
serei um sonâmbulo, a buscar vinho,
ou, essas andanças dentro do sonho,
são o medo da alma ao frio de junho?
Talvez, dessa solitude já esteja farto,
Ou, ventura acosse, chegando perto;
Contra esses sonhos, jamais, advirto
Inda que na linha reta, escreva torto,
belo pedaço do dia, o que mais curto...
Sei, é muito frágil, o que me ampara,
Quase pueril, uma ridícula quimera;
Quem contempla certamente admira,
Vendo na sobra, da Caixa de Pandora,
O antídoto eficaz contra a desventura...