Panteísta

O mistério é amigo da cabeça

Desabriga as inexperiências

Entre os espaços e cadências

Não há quem seja abandonado

O abandono é o próprio pecado

Qual sombra se faz espessa.

As flores e fontes de compreensão

Dos ardores inflamados no aroma

Das árvores que esperam a aurora

Silenciam a melancolia que ressumbra

Nas nuvens projetando a penumbra

Ao sol que por hora vai embora

E a todo protagonista que soma

A abolição de toda a repreensão.

Somos as fibras do tempo e espaço

O assoprar dos ventos no deserto

O aquecer dos templos do inverno

Na reprodução oceânica do horizonte

Que transforma o arco-íris em ponte

Num lugar nem antigo nem moderno

A nos abraçar seja longe ou perto

Até o destino desenhar o último traço.

Sim, tudo faz parte de um inteiro

Entre seus pseudônimos do pós-batismo

O bafejar irônico do fogo desordeiro

Destes lampejos que sacodem o centeio

Alguns deuses que não amo nem creio

São ponderados como hospitaleiros

E desses tantos prefiro um ostracismo

E das metáforas de lobos e cordeiros.

Cada fragmento do todo que existe

Persiste na construção de criaturas

Distante dos pesadelos e torturas

Pois assim a matéria unificada insiste

As palavras não perpetuam-se nos lábios

A natureza conspira a favorecer os sábios

E aos humanos pensativos eu vos peço:

A terra é templo da vida em progresso.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 24/03/2016
Código do texto: T5584158
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