Panteísta
O mistério é amigo da cabeça
Desabriga as inexperiências
Entre os espaços e cadências
Não há quem seja abandonado
O abandono é o próprio pecado
Qual sombra se faz espessa.
As flores e fontes de compreensão
Dos ardores inflamados no aroma
Das árvores que esperam a aurora
Silenciam a melancolia que ressumbra
Nas nuvens projetando a penumbra
Ao sol que por hora vai embora
E a todo protagonista que soma
A abolição de toda a repreensão.
Somos as fibras do tempo e espaço
O assoprar dos ventos no deserto
O aquecer dos templos do inverno
Na reprodução oceânica do horizonte
Que transforma o arco-íris em ponte
Num lugar nem antigo nem moderno
A nos abraçar seja longe ou perto
Até o destino desenhar o último traço.
Sim, tudo faz parte de um inteiro
Entre seus pseudônimos do pós-batismo
O bafejar irônico do fogo desordeiro
Destes lampejos que sacodem o centeio
Alguns deuses que não amo nem creio
São ponderados como hospitaleiros
E desses tantos prefiro um ostracismo
E das metáforas de lobos e cordeiros.
Cada fragmento do todo que existe
Persiste na construção de criaturas
Distante dos pesadelos e torturas
Pois assim a matéria unificada insiste
As palavras não perpetuam-se nos lábios
A natureza conspira a favorecer os sábios
E aos humanos pensativos eu vos peço:
A terra é templo da vida em progresso.