As Faces da Felicidade


Pode ser a posse de pedra preciosa,
Pode ser o ter de muitas coisas,
Ou simplesmente ganhar um sorriso.

Pode parecer estar presente no ar,
Ou então perdida, oculta em algum lugar,
Guardada a sete chaves,
No interior de um coração machucado.

Pode perder-se confusa em meio à dor,
Ser impregnada do desvio neurótico.
E pensando ser potencial felicidade,
Nada é senão que tristeza disfarçada.

Pode fazer-se presente no cotidiano do lar,
No prazer de um trabalho com colegas,
Mas também na conversa caótica em um bar.
Felicidade parece estar no conviver.

Felicidade se faz perdida, quando se faz só.
São os infelizes que se alimentam dos confrontos,
Em quadros destrutivos, na infelicidade alheia.
Então, tal felicidade é loucura, será futura dor.

A alegria que se alimenta da disputa,
Que rouba a felicidade do outro.
E nisto alimenta-se o prazer mórbido,
O mundo que não consegue ser feliz.

O estranho mundo incompartilhável,
Construído do radicalismo que quer ser razão,
Mas nada mais é que regressão à infância,
Do infante rebelde que vê apenas o próprio umbigo.

Felicidade parece ser simples demais,
Mas a humanidade parece a ter por complexa,
Para guardá-la como propriedade fez muralhas
E autoaprisionou-se com sua cópia irreal.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 24/03/2016
Reeditado em 28/07/2018
Código do texto: T5583495
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