Para Sempre

Vivemos em busca de um ‘para sempre’,

Ansiamos em vencer nossa efemeridade,

Com um desejo de eternidade.

Não qualquer tipo de tempo infinito,

Mas de um: ‘ felizes para sempre’.

Talvez um reflexo de algo como:

‘dor, nunca mais!”.

Como não buscar aliança com a ilusão?

Como , em sendo humano,

Não querer alimentar esperança,

De um: ‘foram felizes para sempre!’?

Um tempo passado

Que quer se encontrar no futuro.

Somos tão infantis como heróicos.

Nisto não há ironia,

Pois que a realidade assusta.

Por vezes, a tolice evita a loucura.

O ‘para sempre’ é um multiplicar do ‘tão pouco’,

Somos tão solitários quanto necessitamos uns dos outros.

Múltiplos fragmentos únicos querendo ser um Todo.

O ‘é preciso crer’ e sua negação são faces da mesma moeda.

Apenas uma afirmação e uma negação sofisticadas,

Um jogo entre a lógica e a dialética,

Exercício de razão que quer transcender,

Mas que se faz refém do pragmatismo.

Que seriam os sentidos sem as significações?

O que seria das as significações sem os sentidos?

Em algum ponto perdido,

Em algum espaço imensurável,

Existe uma presença,

Alma, mente, cérebro,

Quem sabe uma ‘coisa nenhuma’,

Ou ‘alguma coisa’.

Um ser de cérebro exausto que contempla,

Que tem um coração cansado de vivenciar.

Enfim , no fundo é algo que se desconhece,

Uma vontade louca, um desejo intenso

Que insiste em colher migalhas de felicidade,

Para imaginá-las serem para sempre.

2712/2015

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 20/03/2016
Código do texto: T5579096
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