Tudo muda
A poesia muda
a gente muda
a hora muda
a vida muda
fica-se mudo às vezes
outras, não.
Tudo o que parte, fica.
Tudo o que fica, parte.
Tem-se olhos e ouvidos...
nem sempre se vê
nem sempre se ouve
assim se vive
como se não se vivesse
e a poesia
tenta dar conta de tudo
mas, não dá, coitadinha...
A vida é grande
o mundo é largo
o coração se divide
entre as coisas
as coisas são coisas divididas
em tempo dividido...
as coisas são atrevidas
em sua resistência
eu as olho
elas me olham:
Não tenho respostas.
Sou o vento que passa
sou a árvore com seu pássaro
diante desta janela.
A poesia me ressuscita
me suicida
e vice-versa.
Sou um livro fechado
embrulhado para presente:
O livro chamado presente.
Ele, o livro, me olha
eu o olho
eu e o livro chamado presente
nos olhamos...
o livro fechado...
embrulhado... embrulhado...
para presente...