Desalinho

Não serei futuro, nem fui passado

Sou presente como uma chama

Que queima e se apaga em um mesmo momento

Tornando às cinzas que qualquer vento leva

Não sou lembrança, nem sonho

Sou a realidade de um instante

Que dura um piscar de olhos

Existo entre intervalos

Não sou sombra, nem realidade

Sou abstração que não segue regras

Modifico o sentido

Mesmo sem fazer sentido

Não sou corpo, nem alma

Sou uma mente

Que mente acreditando ser corpo

E um corpo que desmente ao mostrar que existo como alma

Não sou riso, nem lágrimas

Ainda que por dentro chore quando sorrio

E muitas vezes, ria de coisas pelas quais chorei

Não sou definido, ainda que tenha limitações

Meus limites se redefinem

Sem encontrar um limite

Não sou constante, nem impermanente

Mas permaneço constante

Em minha impermanência

Não sou fim, nem início

Pois sempre recomeço, quando tudo termina

E termino o que comecei

Fernando Paz
Enviado por Fernando Paz em 15/03/2016
Código do texto: T5574565
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.