Fantasmas do bem

Todos os carinhos que poderiam ter sido,

E a sina abortou fechando possibilidades;

Hoje, ternura penada sentimento perdido,

Assombrando por aí algum relapso marido,

Que os ofende, chama frescura, futilidades...

Esses fantasmas bons cuja ausência faz mal,

Assombram os que têm medo de ser felizes;

Esses onde a demanda é doce e servem sal,

Onde o anseio é humano, dispõem o animal,

Pisam o regador, flor murcha, chamam crises...

Triste ver, que não foi a vida que era para ser,

E a que foi, às conveniências se deixou levar;

A vida precisa abraçar a quem não sabe viver,

Ela deixa no pincel a outrem, que pensa saber,

O seu instinto pedagogo lhe coage a ensinar...

Excesso de passado, dizem, enseja depressão,

Mas, o poeta aborta excessos, tem dosimetria;

Não teme os vultos noturnos do carinho papão,

Amores frustrados não se tornam assombração,

O que evadiu-se à mão, vai, nas asas da poesia...