CHEGADA A HORA
Chega um momento
Que o tempo tudo reclama.
A infância, a juventude
Até a velhice ele toma.
Chegado esse momento
Não há nada que nos prenda.
Não há amor, paixão ou tormento,
Tudo acaba-se sem que se entenda.
E o que fica passado isso?
Quiçá, a saudade dos que nos amou.
Mas nem essa perdura muito,
Pois, o próprio tempo encarrega-se de levá-la.
Essa engrenagem natural,
Tudo consigo carrega, o bem, o mal,
Tudo a ele se apega.
E o nosso tempo, o que é?
Não é nosso, é emprestado.
E por sê-lo é que o contamos,
E nem o percebemos sendo tirado.
A cada dia sou levado,
Pelas horas que comigo se deitam ao meu lado.
E me retiram o que foi guardado,
Me tiram, pouco a pouco, deste mundo vitimado.