Pai quero apenas ser uma raiz
Pai faz de mim uma raiz sedenta
Que silenciosamente a cada dia rasga a terra obscura
Quero ser apenas uma raiz, sem formosura, sem graça.
Que vive submersa, todavia que faz romper
À superfície o mais belo e verde vegetal
Pai desejo ser apenas uma raiz
Desalinhada, esquecida e oculta nas profundezas do solo
Mas que a cada dia, ousadamente fere o árido solo
E se afunda terra abaixo, para permitir que o tronco
Avance para cima, para as alturas da Divindade.
Pai desejo ser apenas uma raiz
Sem formosura, ignota, porém insubstituível.
E beber-lhe o alimento essencial
Não para reter ou armazená-lo egoisticamente
Mas para dividi-lo sem reservas
Pai desejo e quero ser apenas uma raiz voluntariosa, generosa, mansa e humilde.
Que morre no solo para dar a vida em prol da vida.