POEMA DOÍDO
Eu fiz um poema doído
Um poema tão dolorido
Li, reli
Sentido não vi
no que escrevi
Chorar o passado é arrastar um morto pelos caminhos
Chorar o passado é no coração espetar espinhos
Mas o poema tinha nascido
Estava ali exposto como ferida sanguinolenta
Pensei:
A gente tenta
A gente tenta esquecer
Vai tentando se ajeitar neste viver
E uma hora nos chega o morrer
Por que viver lamentando a dor passada?
Por que no fundo, no fundo ela ficou guardada?
Como se livrar de dor assim tão grande?
É preciso pensar, acreditar que esta dor veio para nos guiar
Para nos direcionar
Conseguimos desta forma aceitar
que há dores que nos chegam para nos aperfeiçoar