Unicolor
Quando cinza toca teus olhos
E de cinza se transforma teu semblante
É o cinza que te olha no reverso
Ou preto e branco, vira o arco num instante
Quem dera que o toque de um beijo
E o cheiro do amor fossem forte o bastante
Haveria em teu olhar mais que um desejo
Haveria mais que dois corpos em transe
Mas de cinza tá coberta tua alma
Cor alguma, lá, já não mais entra.
É tão difícil mirar a frente e nada ver,
É complicado pra andar sem estrada ter
O cinza existe para lembrar você
Do futuro que nunca poderá obter
Grite àquela velha moira desalmada:
Se não tenho cores, dei-me ao menos uma estrada.