Nunca mais
Não precisará mais preocupar-se com nada
Nem com a roupa que usará no dia seguinte
Nem com a louça que aguarda na pia
Pro inferno os boletos, pro inferno os congestionamentos
Acabaram-se as falsidades e os falsos sorrisos
Não usará mais perfume
Acabaram-se as brigas com as meninas do trabalho
Os sarros pela derrota do time milionário
Acordar cedo
Tomar banho
Cortar o cabelo
Fazer barba
Escovar os dentes
Cáries, tártaro, cansaço físico
Não mais sentirá as dores de um não
Nem solidão, nem paixão
Nem humilhação nem sede
A fome se foi pra sempre
Bateu o dedo no ponto a última vez
O medo findou-se
Não engolirá mais palavras ásperas
Ah! Acabou também a tristeza
Sim, sim, sim
Não enfrentará mais filas
Acabou o Faustão aos domingos
A violência foi-se
O covarde encontrou sua paz no interior de um caixão a sete palmos do chão.