Nunca mais

Não precisará mais preocupar-se com nada

Nem com a roupa que usará no dia seguinte

Nem com a louça que aguarda na pia

Pro inferno os boletos, pro inferno os congestionamentos

Acabaram-se as falsidades e os falsos sorrisos

Não usará mais perfume

Acabaram-se as brigas com as meninas do trabalho

Os sarros pela derrota do time milionário

Acordar cedo

Tomar banho

Cortar o cabelo

Fazer barba

Escovar os dentes

Cáries, tártaro, cansaço físico

Não mais sentirá as dores de um não

Nem solidão, nem paixão

Nem humilhação nem sede

A fome se foi pra sempre

Bateu o dedo no ponto a última vez

O medo findou-se

Não engolirá mais palavras ásperas

Ah! Acabou também a tristeza

Sim, sim, sim

Não enfrentará mais filas

Acabou o Faustão aos domingos

A violência foi-se

O covarde encontrou sua paz no interior de um caixão a sete palmos do chão.

Adriano Paulo
Enviado por Adriano Paulo em 15/02/2016
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