Uma lufada de vento
Miríades de cadáveres
passaram por estas paragens,
desde o início daquilo
que chamamos humanidade...
Mas nenhum deles soube o
motivo pelo qual esteve,
apenas passaram, como
passa uma lufada de vento...
É deles, de mais ninguém, a
herança do que somos hoje
e, no entanto, nós é que
a aproveitamos, sem medo...
Deles, pouco ou nada demos
de honrarias; aos mais famosos,
nome de rua, praça, quiçá.
Aos outros, nem isso, nem nada...
É claro como água limpa,
que os que morreram, não só
não tem mais vida, como não
podem ver morrer seu legado...
Mortos-vivos, zumbis, também
nasceram, cresceram, viveram
e finalmente, sim, morreram,
nessas terras mortiças; vento...