Voos da alma
Alma é um pássaro inquieto
Que pousa em vários galhos;
Não se contém sob seu teto,
Abstratos motivos o concreto,
Que pavimenta seus atalhos...
Ora, vai aonde foi desamada,
Ora, vislumbra onde desama;
Tentando ler, a alheia estrada
A que importa, a que não, cada,
Curiosidade vã é a sua chama...
Me perco buscando as razões,
vias mais vastas que o pampa;
isso, das alheias intromissões,
onde ama, não faz incursões,
nessas paragens, ela acampa...
Velozes asas do pensamento,
Ganham ares mesmo se chove;
Invadem ao privado pavimento,
Roubam, devaneio, o momento,
no anseio de amor, que a move...
Arde também sua sede de saber,
Ai deriva sobre reflexões várias;
Os motivos subjacentes ao dizer,
O quê as falas buscam esconder,
Alma conhece, almas dos párias...
Exceto algumas que a distância,
vira muro, que, não se extrapola,
outras satisfazem a doentia ânsia,
de paixões cegas, de ignorância,
mas, essas, vivem presas, gaiola...