E do céu vieram
Eu tive um sonho que devo contar
Árvores estranhas voavam pelo céu
E ainda que pouco consiga lembrar
Delas caíam moços de chapéu
Que pousavam diante das moças que dançavam
Mestres em seduzir, seus adornos tiravam
E era preciso fechar os olhos
Para não ser encantada pelos olhares que lançavam.
Eu tive um sonho curioso
Ora vadio, ora remendado
Remoto e temoroso
Rápido e demorado.
As valsas seguiam sem cessar
Sob a luz de velas, lá do último andar.
E sendo cobertura ou não, as costas jaziam nuas
E com suas mãos, dedilhavam as bocas carnudas.
Ah, os moços que vinham do céu.
Cavaleiros errantes, eu diria.
Vindos de muito longe.
Sendo fortes e virís como a luz do dia
Só podiam ser de um lugar distante.
Eu tive um sonho com sorrisos dourados
Ornamentando peles de alabastro.
Punhos firmes como ferro
Que me pegaram pelo braço
Sem amor ou esmero.
Os que vieram do céu.
Os gigantes de aço.