E do céu vieram

Eu tive um sonho que devo contar

Árvores estranhas voavam pelo céu

E ainda que pouco consiga lembrar

Delas caíam moços de chapéu

Que pousavam diante das moças que dançavam

Mestres em seduzir, seus adornos tiravam

E era preciso fechar os olhos

Para não ser encantada pelos olhares que lançavam.

Eu tive um sonho curioso

Ora vadio, ora remendado

Remoto e temoroso

Rápido e demorado.

As valsas seguiam sem cessar

Sob a luz de velas, lá do último andar.

E sendo cobertura ou não, as costas jaziam nuas

E com suas mãos, dedilhavam as bocas carnudas.

Ah, os moços que vinham do céu.

Cavaleiros errantes, eu diria.

Vindos de muito longe.

Sendo fortes e virís como a luz do dia

Só podiam ser de um lugar distante.

Eu tive um sonho com sorrisos dourados

Ornamentando peles de alabastro.

Punhos firmes como ferro

Que me pegaram pelo braço

Sem amor ou esmero.

Os que vieram do céu.

Os gigantes de aço.

Ladra de Tinta Seca
Enviado por Ladra de Tinta Seca em 28/01/2016
Código do texto: T5525994
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